terça-feira, 5 de março de 2013

And I love...

Fui revirar as coisas antigas e descobri que o tempo já não é. Uma impossibilidade finita eu tenho de adiantar os ponteiros do relógio. Não era só pra ouvir novamente sua voz, nem pra te provar o quanto hoje eu sou menos burra do que antes. Queria o tempo pra sentir novamente a sua presença sem a ausência. Sentir, ouvir, tocar, saber. Algo que não seja tão abstrato como é hoje. Não posso falar em distâncias. Não sei se hoje você está aqui do meu lado todos os dias ou se realmente não existe mais. O fato é que fé nenhuma conseguiu me fazer recuar da incompreensão estúpida que eu teimo em ter sobre o correr da vida. Além das cartas, dos emails, dos objetos, nada mais além do que sua voz no gravador e seu cheiro no casaco de algodão antigo que eu não lavo, nem uso. Continuo cheirando ele todas às vezes que retorno ao interior para assegurar  que você ainda está dentro do meu armário. Mas a cada dia que abro as portas e sinto o cheiro do casaco, ele está mais distante. Você aos poucos vai indo embora na minha memória sensorial e isso me arde inteira. Nem as lágrimas, mesmo que torrenciais, iriam afastar toda a intempestividade que tem sido estes dois anos sem você. Nem a escrita, nem as palavras, nem as cartas para o além vão conseguir demonstrar o mínimo que é isso o que eu sinto e que nunca se materializa em nada. Não é eficaz a arte, a literatura, o discurso. Não são amortecedoras as outras histórias, as outras perdas, e nem o próprio tempo. A saudade permanece em mim cravada no peito e jamais vai deixar de estar. Sei que você morre comigo e espero poder te sentir novamente; e celebrar um globo azul que ainda há de existir entre nós, ou um ying e yang que ainda está à nossa espera... Ou o gosto de amor que sempre foi amor e sempre será. 

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