quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Quadrilha

É o seguinte. Já reparou naquele poema do Carlos Drummond de Andrade, Quadrilha?

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história



O cara é um gênio.

terça-feira, 27 de setembro de 2011





walls Soho - New York









Reprodução: Don't touch my moleskine.

domingo, 25 de setembro de 2011

Como descomplicar: histórias de quando eu me assumi ser.... simples.

Então, foi ontem. Me assumi indiscutivelmente ( não há mais filosofia de buteco que me contrarie) ser uma pessoa simples. Eu decidi por um motivo óbvio, sou cartesiana até o último fio de cabelo para tomar decisões levianas.


ps 1: Sendo assim, achei necessário estabelecer um prazo de 24h para que meu cérebro assimilasse a ideia de que a partir do próximo dia, eu iria ter que aparentemente, mudar... É, mudar! Ninguém irá perceber a tal mudança (esquisita) porque o caminho da simplicidade é solitário. A nova mudança na vida veio como toda mudança que se preze, arrastando tudo o que vê ( e não vê) pela frente. Como sair de casa para comprar sorvete e voltar apaixonada. Tudo mudou, e você nem lembra de como era a vida há uns instantes atrás.



Dada a mudança inventiva, procurei alguns frases sobre simplicidade: ( não vou citar autores, isso aqui não é jornalismo)


  • “A simplicidade consiste em subtrair o óbvio e acrescentar o significativo.”

  • " Simplicidade é o que há de mais sofisticado".
  • " Vai diminuindo a cidade, vai aumentando a simpatia, quanto menor a casinha ai ai, mais sincero o bom dia." Café tá quente no forno, barriga não tá vazia, quanto mais simplicidade ai ai, melhor o nascer do dia."
  • "Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho."


A lição mais importante veio na leitura de "Mulheres que Correm com os Lobos" de Clarissa Pinkola. Entre uma das histórias arquetípicas da Mulher Selvagem, um pequeno ensinamento arrebatador; Tudo na vida tem uma razão de ser...!


Tive crise de labirintite, porque a minha fita cognitiva rebobinava numa velocidade assustadora, e fotografias lomo passavam diante dos meus olhos. Teoria da evolução de Darwin, Teoria sobre a origem do homo sapiens, a história da arte, a arte que imita a vida. Os símbolos, e sua força através do tempo. As incontáveis formas de enxergar a história e interpretar os acontecimentos. As travessias que a gente vivencia, os rituais, que fazem com que os seres humanos coloquem a vida em perspectiva, que reunem as sombras e espectros da vida das pessoas, como que os organizam e os fazem repousar. As Mulheres que são alvos de alterações brutais de hormônio durante a vida inteira, e ainda enfrentam o senso comum de serem as sensíveis, passionais, descontroladas, complicadas, contraditórias, raivosas, esquisitas, confusas, exageradas, enfim, um indivíduo não confiável...! Se não fossem os estigmas causados pelas adjetivações da mulher, poderíamos ser dionisíacas sem culpa...


Eu estava falando sobre simplicidade...


ps2 Seria um ótimo momento de reflexão a TPM se não nos sentissem tão culpadas por todos os nossos pecados cristãos. Se é, apenas um momento, que poderíamos trabalhar ainda com mais tesão, no despedaçar dos nossos desejos mais profundos, das nossas buscas imemoriais, das inquietações que precisam ganhar voz, que precisam gritar, pulsar, viver. Tudo isso sem precisar transpor a barreira das opressões que sofremos na sociedade carente de vontade por verdadeiras transformações sociais, que sejam regidas pela verdadeira independência do indivíduo, excluso de qualquer preconceito e estigma.


Então, a simplicidade...


Tudo tem uma razão de ser. É um fato consumado a percepção de que só vamos descobrindo as várias razões do ser, quando envelhecermos e adquirirmos maturidade. Descobri funções de objetos, nomes de músicas, compreendi poesias, decorei nomes de cidades, me adentrei em novas culturas, suportei saudade, perdi um grande amor e passei a entender o ciclo vida - morte - vida. Descobri sufoco, esquizofrenia... e aprendi a viver nos extremos, viver de exageros, hoje estou eu, discípula da simplicidade. Em busca do pensar menos, viver mais. O ruim é encontrar pessoas pelo caminho que pensam demais, demais demais, e não deixam o barquinho fluir. Mas enfim, o fato é que a minha declaração de amor à simplicidade vem da vontade de realmente ser verdadeira até às vísceras com meus despropósitos existenciais.


Definitvamente, a simplicidade...


Noutras palavras, é miserável a busca pelo simples! Você precisa chegar até o último degrau para entender que a felicidade estava lá nos primeiros. Fico dando voltas e voltas. E simplicidade é tão complexa e tão fina como uma taça de vinho do Porto, safra 1850. Desconfio que o resto é bobagem.

É, eu desisto de ser simples. Não é da minha natureza.






















domingo, 4 de setembro de 2011

Ces't fini


Ces't fini! Olhei para todos os olhos amicos (porque se pode olhar o corpo, olhar de lado, "que olhando assim de lado eu, te acho tão bonito", olhar de soslaio, olhar de rabo de olho, olhar como quem não quer nada, ad infinitum); o olhar verdadeiro, olhos nos olhos, é muito, excepcionalmente raro de acontecer. Mas olhei para todos os olhos amicos com a ternura do novamente, querer conhecer. Olhei com os olhos de quem quer furar, quer adentrar o corpo do outro, sê - lo por um instante. Olhei, porque é preciso olhar, quando se está a caminho. Quando se coloca o pé na estrada, outra vez. Sem referências, sem documentos, sem lenços para secar as lágrimas que iriam vicejar o amargo. Sem os lenços, que iriam lhe servir de braços, e esses mesmos, que iriam virar travesseiro. Sem nada, Rien, te vai.

Ces't fini! E mais uma vez, diante estou eu, do abismo. Te vai. E pela primeira vez, eu fui. Sem as verdades de outra vez. De outro momento imemorial. Devo estar no deserto da minha psique, juntando meus ossos, para poder me manter em pé, segura e profunda, outra vez.

Ces't fini! Mergulhar dentro do self é um corte profundo. No primeiro momento, talvez você pense não aguentar todas as máscaras que vê diante de si. Face - a - face, é como se você fosse arrancando elas do rosto, e a medida que uma caísse no chão, a outra aparecia. A cada máscara caída, mais veneziana a outra se revelava. Somos pois, persona, antes de, identificar o próprio ser (não posso esconder a influência de Bergman). É ardente, o mergulho atormentado para os interiores. Mas vale todos os olhares que se vê por outro lado; mas vale o mergulho para deixar morrer, o que precisa morrer, e deixar viver, o que precisa (e merece) viver.

Ces' t fini! E no estado de leitura interiorana, queira ficar só, para deixar cantar o que quer cantar dentro de ti. Aprenda, é melhor, a obedecer os ciclos da vida. Se formos velhinhos um dia (não sei muito bem para quem estou falando, talvez seja só a mim) vamos saber que a guerra longa, e a vida... A vida é curta...

Ces't fini! É atormentador mas é na equivalência, mágico, o caminhar sozinha. Então, "vai caminhante, antes do dia nascer".





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