sábado, 1 de dezembro de 2012

Na porta detrás da tabacaria

"Sinto como se o mundo me escapasse".

Cacau Itaborahy

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

À meia luz

Alívio. A música. Pálpebras. Miúdas caem. Segredo. Conto. Não tem problemas. O canto da boca está virado. Olha. Os olhos úmidos. Pelo ouvido. Vem arrepio. Divino. Paz. Sabe. É. A gente sente. Paz. Sabe? Sombra. Meia Luz. O resto. Não. Não interessa. O resto. Inteiro. As pálpebras, dormem. 
A fuga de tudo. Teresa, Tomas e Karenina.

Uma brisa

rápido.

passado rápido.


rápido.


passado lento

rápido

momento

velas acesas
bichos pelos quintais,
insetos na tela.


esquecer rápido

aquilo que falta a existência.


futuro lento

Unhas decadentes
Bonecas em guarda - roupas
tantos travesseiros

Rápido. Brisa rápida.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O cachorro do vizinho

Cachorro latindo no vizinho. ( assim eu testo minha pré-disposição a ser muito cruel e capaz de cometer homicídios). Criança chorando. ( assim eu descubro que não tenho paciência com crianças e as acho criaturas perigosas). Mas o cachorro do vizinho... Olha!! A merda do cachorro do vizinho não me deixa nem pensar no texto. Mas o celular que meu pai esqueceu em casa toca de cinco em cinco minutos. Precisava ser o toque do Indiana Jones???? Além do mais minha mãe grita pra chamar a Efigênia e a por sua vez, a Efigênia me beija muito forte e fica me chamando de vidinha. O Pedro está quase chegando com aquela energia insuportável dele. Quase quebrei o teclado. A tecla F voou. PQPPPPPPPPPPPP. tomara que essa merda de cachorro perca as cordas do latido. Eu odeio ele. Ele acabou com meu dia.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pulso

O amor é morder a mão, na medida quase exata em que alcança o pulso.

Tanto pulsar.

domingo, 4 de novembro de 2012

As mulheres árabes

Passei estes últimos dois dias na Arábia Saudita.
Passeando sob imagens de mulheres que escondem uma vida de opressão por detrás do véu.
Isso mexeu com meu coração. Despertei desejos profundos e certezas imemoriais.
A história da princesa Sultana veio para me ajudar a caminhar pela história das mulheres.
Sinto fervilhar esse sentimento dentro de mim. E até tenho medo do que pode transbordar.
Medo do desconhecido. Medo dessas palavras que se repetem na minha vida.
Enfim sinto estar no caminho certo. Algo vem atrás de mim e me empurra para o destino.
Sinto o destino se movimentando como sorrateiras cobras no deserto.
Mas as cobras são sábias.




domingo, 2 de setembro de 2012

Dos brilhantes que eu aproveitei...






Quando chega 31 de agosto me vem à boca um sorriso largo. "Amanhã é setembro". Quando chega dia 1º escrevo poesias nos papéis pela casa, escuto rock ' roll de Highway, desconfio de dias melhores, saúdo a primavera, penso em fazer orações e a pintar móveis. Penso em mudar de casa, dar um giro de 360º na minha vida; como se ela nunca rodasse 180º a cada 12 horas. E apesar das brigas durantes as noites insônes, em que simulo diálogos, conversas e pontos finais, eu estou em paz, porque finalmente é setembro. Porque a minha alma é sazonal, é inerente ao que eu sinto através do tempo. Porque tenho sonhado com Ipanema e com o Márcio Paixão; com visitas na Farm em companhia da Morena. Tenho respirado fundo, como se visse de longe um barco no horizonte e um arco íris envolta. Porque dias azuis são um descanso pra alma. Porque tenho colocado "lulababbies" pra um recém nascido e estou me desfazendo aos poucos das roupas do meu armário... Roupas coloridas, com histórias mas que não me servem mais. Tenho sorrisos pro espelho, tenho dentes afiados para trincar a vida. Porque a vida só se deve agora, porque criei casca e hoje saio dela com facilidade. Estou protegida por mim, e estou gargalhando por dentro. Não contenho meu sorriso, nem meus brillhantes que se caíram de um brinco que eu também já me desfiz... Desfiz - me sorrindo... Tenho me desfeito... Hoje derreto e volto ao estado sólido em um piscar de olhos. Só precisava dos meus pés na areia, de respirar um ar cálido, uma embriaguez de amor, uma volúpia do espírito que não se contém apenas em sí. Mas tudo bem, ainda é setembro!!

domingo, 12 de agosto de 2012

Fuga nº 44




Vou ter que escrever.

Agora não tem jeito.


Às vezes é impossível fugir. Ou é pior.

domingo, 3 de junho de 2012

Depois do dia


                                                                                                          Por Laura Ralola



Bom dia, de dia bom. Lambida de cachorro no rosto. Sorte ter a colcha quadriculada cheia de cores e sono. Como um escudo. Sai cachorro! Músicas entram no sonho. Músicas boas também. Dormi na sala, corro pro quarto. Algumas horas a mais de sono. Outra cama, dois travesseiros grandes. Um beijo bom de bom dia. Sonhos de novo.

Bom dia, de boa tarde. Acordei. Papo vai papo vem, os raios do sol entram pela janela junto com a brisa fresca e dá pra ver um pedacinho do céu azul. Sem nuvens – aparentemente. Cama boa, dois travesseiros grandes, quentinho. Companhia boa. Papo bom. Risadas, abraços, corpo com corpo, pé com pé, quentinhos. Músicas boas. O estomago manda levantar. Dói de fome. O céu está realmente sem nuvens.

Comida boa. Galinhada pra mim, omelete pra ela. Suco invés de refrigerante. Laranja e Limão, respectivamente. Sem açúcar, com açúcar. Café sem cigarro. Ruim a falta de cigarro na hora do café de depois do almoço. Sem dinheiro no bolso, fila do banco enorme. Quinto dia útil do mês. Preguiça. Uma amiga na fila. Dinheiro emprestado. Cigarro sem café.

Dia bom, sem nuvens no céu, brisa fresca. Andar sem sentir calor. Saber que o frio vem mesmo à noite. De dia, só na sombra. Ela quer um edredom para acompanhar os dois travesseiros grandes. Edredom de onça. A cara dela. ‘Por que não leva esse?’ pergunto. Ela ri, diz que não quer um edredom de onça.

Moça simpática que atende na loja. Sorri com a boca e com os olhos. Anuncia um edredom na promoção. Não é que é o de onça? Abusivamente macio e a promoção vale a pena. Vamos pensar e depois voltamos. Mais lojas. Lojas de sapatos, calcinhas. Às vezes espero na porta, entre um trago e outro ela volta pra rua. Andamos mais.

Nenhuma loja desbloqueia celular nessa cidade, não é possível. Depois de três tentativas conseguimos uma. Não aceita cartão, enfrentar a fila do banco é, agora, inevitável. Banco cheio, sede de coca. Ela fica na fila, eu vou à padaria. Coca gelada, dentro do banco, sem cigarro. Celular funcionando. Nenhum outro edredom tão macio e tão barato. Será mesmo o de onça.

Sacola enorme, ainda bem que é leve. Ladeira íngreme. Difícil andar nas pedras. Chave na porta, latido dos cachorros. Enfim em casa. Quarto fechado, enfumaçado, papo noiado. Risada, visitas, incenso. Hora do café. Café com cigarro, depois um pão de queijo. Ela se despede. Pega o edredom e, de longe, dá tchau. Bate a porta. Eu sento para escrever pensando que queria dormir com o edredom de onça. Terminei, vou dormir. Boa noite para um dia bom. Sim, o dia foi bom.

sábado, 2 de junho de 2012

uma delícia de tumblr: http://theimpossiblecool.tumblr.com/

Aos cuidados de Carolina

como era aos meus cuidados, resolvi guardar esse poema por aqui. Ele é de junho de 2010 e o autor, bem;
 o autor I'll keep in secret.



Tendo como princípio base 
desse meu pensamento ininterrupto por ti
Tudo o que eu sempre quis encontrar em alguém
mas só existia em teus encantos
Senti nas mãos o emaranhado de teus cabelos
rebeldes, vorazes, com vida própria
clareando da raiz às pontas
o que eu, na escuridão, tateava
Rebeldes e lindos, emoldurando teu rosto
o qual eu já tocara em íntimo pensamentos
Todo um tornar de realidade, de vida
em meio a suspiros e alívios
De tanto soprar ao pé do ouvido
de tanto gelar o coração
de tanto esquentar o que eu sempre esperei
Minha vontade de sonhar acordado para sempre
Me pego a sussurrar frases tolas
brisas do se fala por dentro
De tanto abrir e fechar os olhos,
em busca de responder a si mesmo
a consistência de tal realidade
Vou cedendo a teus múltiplos encantos
sem poder conter o sorriso, mecanismo quase automático
E então deparo-me com a realidade sonhada
Ofegante, sem ar, depois te tocar
Depois de atingir um prazer inigualável
de corpo e de mente
algo há tempos não alcançado
Tu vens e dormes em meu peito,
escutando meu coração que discursa em um dialeto próprio
Me fazes feliz, enquanto embolo meu pensamento
neste emaranhado adorável,
sonhado e admirado
Esqueço de tudo o que não me atrai
o que me destrói por dentro
Só me achando em ti
E quando, literalmente, acordo
Vejo que finalmente a realidade do meu sonho
me consome, me assola, me alegra
e já não quero mais dormir
pois tu estás diante de mim
e estou acordado, com seu cheiro em meu corpo
ainda sem descobrir
se teus olhos me olham
ou se sonho que me olhas
Intermitantemente
Felizmente


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Algo de orquídeas

Algo alegre. Algo de azul. Algo de acordar. Algo de sorrir. 


Algo de lembrar e rir.

Algo de olhar e rir.

Algo de olhar e sentir saudade. Um dia gosta mais. Outro dia gosta pouco. Outros dias gosta mais do que todos os outros. E assim, vai.

Sem tantas palavras, só no compasso do tempo. Ele é bom nisso de curar!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Advice

Warning: perception requires involvement

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Mas é como se várias agulhas estivem fincadas no seu peito

Música: Golden Slumbers, Beatles.

Não queira sofrer. Pois, não queira amar um dia. Há um tempo, tentaram me ensinar o que era o amor; um desconhecido, um homem que chamavam de mago... Quando se tem 20 anos, se ama adolescente, se quer paixão, se entrega. Ela me disse, ama como se fosse uma adolescente, faz jogos, faz tipos. Voltei para casa. Era Agosto. Uma neblina na estrada, aqueles abismos, vales longos que separam a linha de trem das montanhas do Pico do Itacolomy. Lembro o que senti. Mal conseguia abrir os olhos, uma apatia à vida. Queria que o ônibus caísse, paixão...  Fiquei dois dias trancada no quarto. Isso só acontece quando tenho decepções que realmente são decepções de verdade para mim. Porque sou forte, dizem tanto que comecei a acreditar. Aos 13, ficaria trancada ouvindo Janis Joplin num disco de Vinil, quando sozinha em casa.  Mas já aos 20, só chorei e escrevi. 

Lembrei desse dia porque tentaram me ensinar o que era amar e porque eu quis muito que o ônibus caísse no abismo. Lembrei desse dia, porque tenho ainda mágoas profundas da audácia do mago que invadiu meu corpo inumano e quase desmanchou as minhas verdades absolutas. Amei. Queiram saber. Amei demais. Não o mago. Outro. Ainda amo, mesmo que hoje ele se reduza à pó. Hoje tenho sensações parecidas com Agosto. Não vejo sentido em estar aqui, nesse mesmo quarto, ainda reclusa; o coração bate e o corpo dói. O amor. Era mais do que minha verdade absoluta. Queria falar da dor que sinto. Sem só dizer dor. Não sei como você poderia sentir o que eu sinto agora... Mas é como se várias agulhas estivem fincadas no seu peito e fosse impossível de arrancá - las. De tão impossível, o melhor que você pode fazer para amenizar a dor, é esquecer. Triste, não? 

Tem algo que dói no meio do peito. É o coração, por que? Por que? Se ele parar, acabou... E as veias cessam, lentamente, uma por uma... E o pulso já não pulsa. E isso é a morte. Não vi. Não sei o que é a morte dele. Sei o que é a memória. Sei o que é a ausência. A morte não. Passei a língua em todos os meus dentes hoje, me peguei pensando que eles vão resistir antes da pele. Pensei nos meus olhos carcomidos, na minha pele pálida, nos cabelos ainda pretos. 

Não queira sofrer. Dói muito amar de verdade. A minha história foi uma tragédia. Ninguém acredita em mim. Mas um dia vão acreditar. Porque vão ver; ou vão perceber que só se ama uma vez na vida. E com a pele ainda lisa, o coração sôfrego, as portas fechadas, é um calvário continuar vivendo. Ainda vejo os olhos dóidos dos que passam às ruas. Presos pelo sistema. Perdem filhos, mães, pais. Perdem os que são vítimas de violência bruta, de injustiça, de descaso da saúde pública no Brasil, dos que são vítimas do infortúnio, assim como eu fui. 

Hoje, queria que as agulhas fincadas, de fato atingissem meu coração, todos temos dias de  fraqueza, de falta de sentido, de pouca compreensão. Todos temos. Todos. 

Sinta as agulhas que penetram as veias abertas. Meticulosas para não deixar o sangue jorrar. Violentas quando furam a pele, certeiras na força que atrita o músculo e cavam fundo. Gostam da profundidade.

É assim quando se está a caminho. Dói. Dói. Dói. Dói. Dói. Dói. E nem espera tenho de que um dia, talvez de longe, essa dor passe. 

Música: Junk



quinta-feira, 3 de maio de 2012

Somente o verdadeiro, para quem deseja o substancial.

Meus cabelos não param de cair, Valentina. Já é passo de hora que as tumultuações que me levam até o precipício da escolha, ao invés de me atirar para o abismo do corte profundo, me encurrala no labiríntico medo de dar o primeiro passo. Titubeio entre o prazer, deveras, de deixá - las cair sem a espera angustiante do que vem depois; e se à navalhadas eu corto e cesso a queda eminente. Já é fim de Outono, Justine. Deixe as quebradiças se ocuparem de se quebrar, deixe os novos se ocuparem de crescer, deixa o ruim florescer. Ervas Daninhas, Valentina. Ervas daninhas brotam dessas mentes inquietas. Não eram cabelos? É, é. Mas é como a mente. É, você é quem gosta dessas analogias...  É que há tempos eu não sei por onde começar. 



Somente o verdadeiro, para quem deseja o substancial.





As pitangas intermináveis

Bon jour! De todas as minhas inquietações, o que mais me incomoda é a apatia a elas; estou desnorteada e finjo que não. Talvez seja porque não sei por onde começar a mudar. Esse período de ostracismo não vai embora, e eu não o respeito; quando desejo, imensamente, que tudo passe.
Estou fragmentada em milhares de cacos caídos e desavisados pelo chão. Há tempos estou. De todas as tentativas de mudar, nenhuma me garantiu algum êxito. De todo o meu presente, nenhum momento conseguiu colocar - me em atrito com o chão. Vivo, desde então, flutuando e nada sentindo. Meu sangue é frio e azul.  Tempo que foi, e ainda continuo aqui, chorando minhas pitangas...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sem título pq não merece

Sempre quando venho escrever no Carole, não sei ao certo sobre o que eu quero falar. Mas hoje foi um dia desses que é merecido lembrar.  Já me aconteceu algumas vezes; acordar bem de manhã.  Às 5h30 estava de pé, pronta pra tomar um banho e ficar na colchão de bobeira até... não sei... até eu cansar e querer sair pra fazer alguma coisa. 

Tomei um banho demorado, não ia lavar meus cabelos, voltei atrás já no final, e decidi que sim, eu precisava. Não estava acostumada, mas agora precisava me adaptar à vida de fumante, numa casa de fumantes, em festas fumantes, com cigarro por todas as partes, precisava prestar mais atenção na hora de lavar os cabelos.

Girei toda a torneira, e a água foi aos poucos se esfriando, e depois gelada, muito gelada... E eu sempre gostei disso, Meus Deus! Enfiar a cabeça embaixo d'água e só escutar o barulhinho dela descendo, ir se entremeando pelo corpo... Tenho medo de morrer no banho, eu gosto quando minha pressão abaixa, e eu fico num êxtase profundo de sonolência e delírio...  Tenho medo de cair ali mesmo, e nem levantar mais.

Voltei pro quarto. Corpo fresco. Coração Vazio. Um burburinho de vozes na minha mente, que não me diziam nada. Já não tenho certezas, nem absolutas, nem outras. Nem a existência, nem a existência me consola. Fiquei  deitada, aproveitei para escutar algumas músicas, pensar na vida medíocre que eu tenho levado.

"Não, não vou comprar cigarro. Não posso. Preciso parar de fumar"; murmurava um homem com as mãos fincadas na cabeça, num desespero iminente, em meio a uma guerra pessoal no meio da padaria. Eu vi. Eu vi ele. E eu o entendi como ninguém. Mas a nossa diferença era clara: ele queria salvar a vida, já eu....

Não tenho motivos para salvar.

Mentiria se dissesse que fiquei relembrando o passado. Também não. Nem o futuro. Estava eu, transeunte solitária à beira do abismo do presente na rua. Como ele dói! Hoje tudo dói. 

Fiz pequenos gestos de afetos. Não canso. Nunca fui orgulhosa. Hoje sofro de sinceridade. Dessas agudas. E tem uma contra indicação pra essa filosofia de vida pautada na verdade metralhada: a não compreensão da verdade dos outros. 

Bebi do teu fel há alguns anos atrás. Penso eu, agora, num final de noite minguado. Preciso estudar as mulheres... Quanto mais estudo, mais viro ostra. 

O dia foi bonito. Compromissos, ok. Poucos cigarros, ok. Casa arrumada, ok. E no percurso até a vitória ando mais infeliz do que nunca. 





quarta-feira, 11 de abril de 2012

Marycoke - Já parou pra pensar até que ponto a internet interfere nas suas relações pessoais?

Seria o perfil no mundo virtual a cópia fiel da nossa verdadeira identidade? Fico me perguntando às vezes a diferença existente entre ver as pessoas através das lentes de um lcd e de vê - las viver a vida real...  Quando nem tudo que se vê é o enquadramento proposto pelos perfis nas redes sociais; e, com mais precisão, se consegue enxergar a subjetividade de cada um - é interessante lembrar que a comunicação não verbal é mais importante do que a comunicação verbal.

Mas a verdade é que cansei dos perfis. De estar fazendo daquela telinha na internet a sua vida. E seu corpo, o real, que precisa que você se mova, saia do lugar? Onde ele fica?E a necessidade de estar num lugar físico, vivo, palpável? Tocar realmente alguém, olhar para faces e não fotos... Desperdiçar horas a fio em conversas, prosas longas, bobas ou lúdicas e não no bate papo. Se agregar mais, não com desconhecidos, conhecidos, amigos de um dia, da balada anterior, da viagem de 5 atrás. Mas com quem está do seu lado, por um 1 minuto. Com o cara da cantina, a moça da padaria. Dar um "Bom Dia" para o gari...

Ir numa leveza natural, de se doar, cansar corpo, pernas, mentes em trabalhos realmente enriquecedores, para sua alma ou para a sociedade ou para quem você quiser. Uma cerveja na terça, por que não? Um encontro na quarta, que você vive combinando com aquele colega de trabalho e nunca saiu dos números vermelhos da sua atualização. Não, não faz mais sentido entrar todos os dias no msn para ver se aquela pessoa antiga ainda entra. Você insiste porque afinal, já encontrou ela por lá algumas raras vezes. Mas  é que de tempos pra cá ela nunca vem... Continuar nessa paranoia exaustiva da espera. No entanto, você pode arriscar, tentar uma ligação, ou mesmo ir até onde ela está, falar diretamente ao invés de dar rodeios e esperar um empurrão do acaso. Já parou pra pensar até que ponto a internet  interfere nas suas relações pessoais? 

Acho que os perfis e as redes sociais cegam. Não consigo achar um grande avanço você receber uma quantidade sem fim de informações e não conseguir absorver nenhuma. Acho que nos deixam num chão de ilusões. De sensações perdidas, inquietas que muito te mostram e tanto te escondem. A minha preocupação é de nos perdemos nos nossos próprios perfis virtuais. Não iria escrrever mas meu grande medo é um: o homem pós moderno e o homem do futuro. Tenho medo. Tenho medo pois sou um deles. Tenho dúvidas sobre a condição humana hoje.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A balada do corpo branco


Não sei se é branco. Esperei olhar para o céu e enxergar uma noite clara, em que eu pudesse ver algumas estrelas, como eu havia acostumado ver durante todo o mês de março. Não. A neblina está.

Escolhi uma música. Queria algo que me fizesse sentir forte, algo de erótico que fizesse os meus mamilos aflorarem. Algo, talvez, que eu não entendesse direito. Quando só o que importa é o ritmo, é pra onde a música te leva. Neste branco, eu queria que ela me deixasse branca.

A sincronia de som e ambiente desperta um encontro que eu tenho para essa noite: um misterioso querer – me. Meu corpo pede que eu o sinta. Deixei os cigarros lá em baixo, tomei água o suficiente para alimentar a sede que eu tenho de interior.

Uma pausa comigo. Sentir minha borboleta voando nas costas, querendo me dizer coisas, e eu em um esforço pulsante para escutar. Minha mente sussurrando no peito respostas para perguntas tão longevas. Meus olhos cansados, meu coração afoito. Uma sonolência de gestante, uma sensação de leito de morte.


Dou asas para a minha razão imemorial. Algo entre batidas musicais e batidas arteriais me levam a resignação. Encontro comigo para um acerto de contas antigas. Basta até aqui. Não posso dar mais minha alma; ela já chegou ao limite tênue entre o dar e o receber. Sem alimento não há vida. Não mais para um amor; que nunca quis ser.

 Já branca, me afasto da memória. Já salva, perdoo. Já liberta, agradeço. Assim, novamente inteira... Com todos meus sentidos em harmonia, entendo. Passou. Passaram. Fico, eu. Fecho um ciclo. De dentro pra fora. Minh’alma respira aliviada. E as veias voltam a pulsar novamente; sem o peso insustentável de antes.

Não mais, que pena fosse. Se é, a vida.


sábado, 31 de março de 2012

O que é ser simples II


O simples não se questiona tanto assim sobre si mesmo. Ele não se aceita nem se recusa. Não se interroga, não se contempla, não se considera. Ele é o que é, simplesmente, sem desvios, sem afetação, ou antes, faz o que faz, como todos nós, mas não vê nisso matéria para discursos, para comentários, nem mesmo para reflexão.
A simplicidade constitui o “antídoto da reflexividade” e da inteligência, que evita que estas se envaideçam, se percam em si e com isso percam o real, se dêem demasiada importância, dissimulem, façam enfim obstáculo àquilo mesmo que pretendem revelar ou desvelar.
Transparência no olhar, pureza no coração, sinceridade do discurso, retidão da alma ou do comportamento...
A simplicidade é esquecimento de si, é nisso que ela é uma virtude: não o contrário do egoísmo, como a generosidade, mas o contrário do narcisismo, da pretensão, da auto-suficiência.
A simplicidade é a verdade das virtudes: cada virtude só é ela mesma se livre da preocupação de parecer, e mesmo da preocupação de ser, se, pois, for sem rebuscamento, sem artifício, sem pretensão.
O simples é aquele que não simula, que não presta atenção (em si, na sua imagem, na sua reputação), que não calcula, que não tem artimanhas nem segredos, que não tem segundas intenções, programa, projeto...
A simplicidade é o esquecimento de si. O eu subsiste nela, é claro, mas como que mais leve, purificado, libertado. Faz muito tempo, até, que ele renunciou a buscar sua salvação, já que não se preocupa com sua perda. A religião é complicada demais para ele. A própria moral é complicada demais para ele. Para que essas perpétuas voltas sobre si mesmo? Nunca acabaríamos de nos avaliar, de nos julgar, de nos condenar... O simples sabe disso e nem se importa. Segue seu pequeno caminho, de coração leve, alma em paz, sem objetivo, sem nostalgia, sem impaciência. Nada tem a provar, pois não quer parecer nada. Nada tem a buscar, pois tudo está ali. O presente é a sua eternidade, e o satisfaz."

segunda-feira, 12 de março de 2012

Melodrama


Terror de lembrar dos tempos frágeis, em que louca, me esmiuçava num silêncio profundo à procura de respostas vagas, sem nortes, nem caminhos. Terror de te amar nesse tempo chuvoso, nesse cheiro de terra. De trazer mais lembranças do que poderiam ser apenas eu mesma, de lembrar de que de nós, nada mais que o pó, que o passado, nada mais do que palavras, que já nem soam mais.

As palavras gritam quando são essas, as histórias de amor que já não cabem mais. Elas sussurram, invadem, confundem da cabeça aos pés; e o tempo passa; passa como sempre passou. Ele leva o conforto da hora marcada, do pensamento inato ao passar do caso, e acaso. Depois do tempo, voltam eles, os dois, e até sem olhares, passam eles pelo mesmo espaço – tempo evitando o o encontro. Retinas miúdas que fogem, calam, deslocam.

Diga – me. Deixa – me te ouvir. Não faça com que saiam dessas lembranças tempestuosas a história de um amor que não foi. Diga – me. Deixa – me te ouvir. Deixa – me mais um vez repousar nas tuas palavras. Deixa – me ver que elas ainda existem. Que não são como a morte, o tempo de já ter estado. Diga – me. Estou aqui.

Colocamos um meio no nosso fim. E despistando os sentimentos tão vagos, que a razão pede pra calar; cumprindo a tabela de que não; não outra vez. Ainda estou aqui, a espera por ficar exausta por tantos outros encontros, palavras, afetos. Não há lei do mais forte. Mas também não sou dessas de que vai lá e faz, vai lá e arrisca. Porque precisa do risco para viver; para amar. Ainda prefiro o terror do silêncio profundo a um vacilo qualquer. Do teu jogo eu já cansei de jogar; mas das tuas palavras e retinas ainda não.

Terror de viver tempos frágeis e continuar vivendo. Drama absoluto que só a palavra te proporciona. Só o afago do espelho íntimo da prosa não ensaiada. Os espelhos. Esses que sempre pregam a verdade. Odeio espelhos. Prefiro então, os amores mal resolvidos.

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Depois do Rehab

Essa vida de arrumar as malas já se tornou aquele frame em que depois tudo muda. Se a minha vida fosse um filme, fazer as malas significaria passar de capítulo em capítulo. Como em "Viver a Vida" aquele French. A vida em 10 quadros. Salvo a declaração das malas, ficou explícito que já estou me mudando novamente; mas dessa vez sem lugar certo pra ir. A antiga casa não é mais a minha. Mas tô indo, porque preciso ir. Já disse que só viajamos e só voltamos porque precisamos. Nada mais. Fim de papo. Fato é que Portugal me fez bem. O Rehab rendeu bons frutos. Não tinha vontade de voltar; mas foi tããoo bom! Apesar dos problemas do Brasil, a burocracia, a falta de informação e as pessoas querendo ser todas iguais, eu levo tudo com gosto aqui. Falta amor lá, tem de monte aqui. 
Enfim, depois de muito pesquisar e depois de quatro buscas, três telefones e uma unha comida, consegui achar o meu tão querido ônibus da Útil que vai pra Ouro Preto. Vou praticamente sozinha nele e dá pra curtir muito as montanhas de Rio Branco. Antes disso, passo em Carrancas para uma festa dos Furtado Ferreira ( podem imaginar quanta cerveja vai ter?) , dou um abraço apertado no pequeno sabido e depois só semana santa... Cruzília em abril para amadrinhar a Mariella ( ela vai casar; 22 anos; sim) e guardar muitos minutos de silêncio para o João; um ano de sua morte. 
Tenho muito ainda pra falar de Portugal; pra falar daqui e dos outros lugares por onde andei. Mas por enquanto, vou digerindo ferro, que é pra não engasgar.

Lana Del Rey ( não, ela não é mexicana e sim americana) - Video Games: http://www.youtube.com/watch?v=HO1OV5B_JDw

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