Terror de
lembrar dos tempos frágeis, em que louca, me esmiuçava num silêncio
profundo à procura de respostas vagas, sem nortes, nem caminhos.
Terror de te amar nesse tempo chuvoso, nesse cheiro de terra. De
trazer mais lembranças do que poderiam ser apenas eu mesma, de
lembrar de que de nós, nada mais que o pó, que o passado, nada mais
do que palavras, que já nem soam mais.
As
palavras gritam quando são essas, as histórias de amor que já não
cabem mais. Elas sussurram, invadem, confundem da cabeça aos pés; e
o tempo passa; passa como sempre passou. Ele leva o conforto da hora
marcada, do pensamento inato ao passar do caso, e acaso. Depois do
tempo, voltam eles, os dois, e até sem olhares, passam eles pelo
mesmo espaço – tempo evitando o o encontro. Retinas miúdas que
fogem, calam, deslocam.
Diga –
me. Deixa – me te ouvir. Não faça com que saiam dessas lembranças
tempestuosas a história de um amor que não foi. Diga – me. Deixa
– me te ouvir. Deixa – me mais um vez repousar nas tuas
palavras. Deixa – me ver que elas ainda existem. Que não são como
a morte, o tempo de já ter estado. Diga – me. Estou aqui.
Colocamos
um meio no nosso fim. E despistando os sentimentos tão vagos, que a
razão pede pra calar; cumprindo a tabela de que não; não outra
vez. Ainda estou aqui, a espera por ficar exausta por tantos outros
encontros, palavras, afetos. Não há lei do mais forte. Mas também
não sou dessas de que vai lá e faz, vai lá e arrisca. Porque
precisa do risco para viver; para amar. Ainda prefiro o terror do
silêncio profundo a um vacilo qualquer. Do teu jogo eu já cansei de
jogar; mas das tuas palavras e retinas ainda não.
Terror
de viver tempos frágeis e continuar vivendo. Drama absoluto que só
a palavra te proporciona. Só o afago do espelho íntimo da prosa não
ensaiada. Os espelhos. Esses que sempre pregam a verdade. Odeio
espelhos. Prefiro então, os amores mal resolvidos.
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