segunda-feira, 2 de abril de 2012

A balada do corpo branco


Não sei se é branco. Esperei olhar para o céu e enxergar uma noite clara, em que eu pudesse ver algumas estrelas, como eu havia acostumado ver durante todo o mês de março. Não. A neblina está.

Escolhi uma música. Queria algo que me fizesse sentir forte, algo de erótico que fizesse os meus mamilos aflorarem. Algo, talvez, que eu não entendesse direito. Quando só o que importa é o ritmo, é pra onde a música te leva. Neste branco, eu queria que ela me deixasse branca.

A sincronia de som e ambiente desperta um encontro que eu tenho para essa noite: um misterioso querer – me. Meu corpo pede que eu o sinta. Deixei os cigarros lá em baixo, tomei água o suficiente para alimentar a sede que eu tenho de interior.

Uma pausa comigo. Sentir minha borboleta voando nas costas, querendo me dizer coisas, e eu em um esforço pulsante para escutar. Minha mente sussurrando no peito respostas para perguntas tão longevas. Meus olhos cansados, meu coração afoito. Uma sonolência de gestante, uma sensação de leito de morte.


Dou asas para a minha razão imemorial. Algo entre batidas musicais e batidas arteriais me levam a resignação. Encontro comigo para um acerto de contas antigas. Basta até aqui. Não posso dar mais minha alma; ela já chegou ao limite tênue entre o dar e o receber. Sem alimento não há vida. Não mais para um amor; que nunca quis ser.

 Já branca, me afasto da memória. Já salva, perdoo. Já liberta, agradeço. Assim, novamente inteira... Com todos meus sentidos em harmonia, entendo. Passou. Passaram. Fico, eu. Fecho um ciclo. De dentro pra fora. Minh’alma respira aliviada. E as veias voltam a pulsar novamente; sem o peso insustentável de antes.

Não mais, que pena fosse. Se é, a vida.


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