Indo pra guerra.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Diários pessoais - a prova
Indo pra guerra.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
O Frisson da borracha verde
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Diários Pessoais - primeira mudança nos planos
Ainda no Porto - dezembro 2011 |
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Diários pessoais
London - Outono 2011 |
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Boa Vista
Tapava ela seus olhos com negativos antigos e desgastados pelo tempo. Vestido de seda na ponta dos dedos, corria feito louca desvairada à beira daquela estrada sem fim. Terra nas mãos, apertava e os grãos iam escorrendo pelos dedos manchados. Cravava nas unhas gravetos, terra e barro. Mato que perdia de vista. Terra do vô. Brasão português e sangue azul que manchava as paredes e os portões de madeira da casa, daquela Boa Vista.Tudo que tinha ficado perdido no tempo. Nascia sempre de memórias e futuro à distância. Vestida de seda até a ponta dos dedos, os mesmos manchados sempre de terra.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
O cara é um gênio.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
domingo, 25 de setembro de 2011
Como descomplicar: histórias de quando eu me assumi ser.... simples.
ps 1: Sendo assim, achei necessário estabelecer um prazo de 24h para que meu cérebro assimilasse a ideia de que a partir do próximo dia, eu iria ter que aparentemente, mudar... É, mudar! Ninguém irá perceber a tal mudança (esquisita) porque o caminho da simplicidade é solitário. A nova mudança na vida veio como toda mudança que se preze, arrastando tudo o que vê ( e não vê) pela frente. Como sair de casa para comprar sorvete e voltar apaixonada. Tudo mudou, e você nem lembra de como era a vida há uns instantes atrás.
- “A simplicidade consiste em subtrair o óbvio e acrescentar o significativo.”
- " Simplicidade é o que há de mais sofisticado".
- " Vai diminuindo a cidade, vai aumentando a simpatia, quanto menor a casinha ai ai, mais sincero o bom dia." Café tá quente no forno, barriga não tá vazia, quanto mais simplicidade ai ai, melhor o nascer do dia."
- "Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho."
A lição mais importante veio na leitura de "Mulheres que Correm com os Lobos" de Clarissa Pinkola. Entre uma das histórias arquetípicas da Mulher Selvagem, um pequeno ensinamento arrebatador; Tudo na vida tem uma razão de ser...!
Tive crise de labirintite, porque a minha fita cognitiva rebobinava numa velocidade assustadora, e fotografias lomo passavam diante dos meus olhos. Teoria da evolução de Darwin, Teoria sobre a origem do homo sapiens, a história da arte, a arte que imita a vida. Os símbolos, e sua força através do tempo. As incontáveis formas de enxergar a história e interpretar os acontecimentos. As travessias que a gente vivencia, os rituais, que fazem com que os seres humanos coloquem a vida em perspectiva, que reunem as sombras e espectros da vida das pessoas, como que os organizam e os fazem repousar. As Mulheres que são alvos de alterações brutais de hormônio durante a vida inteira, e ainda enfrentam o senso comum de serem as sensíveis, passionais, descontroladas, complicadas, contraditórias, raivosas, esquisitas, confusas, exageradas, enfim, um indivíduo não confiável...! Se não fossem os estigmas causados pelas adjetivações da mulher, poderíamos ser dionisíacas sem culpa...
Eu estava falando sobre simplicidade...
ps2 Seria um ótimo momento de reflexão a TPM se não nos sentissem tão culpadas por todos os nossos pecados cristãos. Se é, apenas um momento, que poderíamos trabalhar ainda com mais tesão, no despedaçar dos nossos desejos mais profundos, das nossas buscas imemoriais, das inquietações que precisam ganhar voz, que precisam gritar, pulsar, viver. Tudo isso sem precisar transpor a barreira das opressões que sofremos na sociedade carente de vontade por verdadeiras transformações sociais, que sejam regidas pela verdadeira independência do indivíduo, excluso de qualquer preconceito e estigma.
Então, a simplicidade...
Tudo tem uma razão de ser. É um fato consumado a percepção de que só vamos descobrindo as várias razões do ser, quando envelhecermos e adquirirmos maturidade. Descobri funções de objetos, nomes de músicas, compreendi poesias, decorei nomes de cidades, me adentrei em novas culturas, suportei saudade, perdi um grande amor e passei a entender o ciclo vida - morte - vida. Descobri sufoco, esquizofrenia... e aprendi a viver nos extremos, viver de exageros, hoje estou eu, discípula da simplicidade. Em busca do pensar menos, viver mais. O ruim é encontrar pessoas pelo caminho que pensam demais, demais demais, e não deixam o barquinho fluir. Mas enfim, o fato é que a minha declaração de amor à simplicidade vem da vontade de realmente ser verdadeira até às vísceras com meus despropósitos existenciais.
Definitvamente, a simplicidade...
Noutras palavras, é miserável a busca pelo simples! Você precisa chegar até o último degrau para entender que a felicidade estava lá nos primeiros. Fico dando voltas e voltas. E simplicidade é tão complexa e tão fina como uma taça de vinho do Porto, safra 1850. Desconfio que o resto é bobagem.
É, eu desisto de ser simples. Não é da minha natureza.
domingo, 4 de setembro de 2011
Ces't fini
domingo, 7 de agosto de 2011
Lembrar.
Não adianta querer navalhar,
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Dois lados da Canção
nus, deslizamos
pra que te esquecer
se o amor é tanto?
existo em vocêpor louco engano
Poesia de última hora
terça-feira, 26 de julho de 2011
Eu sei, mas não devia.
'Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.'
Marina Colasanti
Dias de busca pela palavra macia, frouxa, gostosa. Dias de deixar a janela escancarada e se escancarar! Dias de sorriso, de sonhos imperfeitos. Dias de arte, espelhos, amigos e olhar.
terça-feira, 19 de julho de 2011
#Junk
domingo, 17 de julho de 2011
#Home
terça-feira, 5 de julho de 2011
#Pitangas
segunda-feira, 4 de julho de 2011
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Persona – faces de Bergman
Intro (dução)
Suécia, 1966. Ingmar Bergman lança Persona. Película reconhecida pela crítica cinematográfica como obra- prima do diretor sueco. O filme surpreende, sobretudo, pelo seu caráter enigmático. Não podemos afirmar com uma certeza absoluta sobre a sua principal abordagem, sobre seu âmago. Para sentir, mais do que simplesmente assistir a Persona, é necessária à abdicação da espera por uma significação imediata revelada.
As imagens falam de alma pra alma, e fogem do campo intelectual. Talvez para sentir a película, você precise voltar a ela duas ou três vezes. Susan Sontag, em análise feita sobre o longa, nos diz que para compreender Persona, o espectador deve ultrapassar o ponto de vista psicológico, já que o filme assume uma posição além da psicologia – assim como, num sentido análogo, além do erotismo. (Sontag, 1987, p. 127-8).
A posição do espectador além da psicologia a que se refere Sontag se faz necessária na medida em que nos deparamos desde a abertura do filme até aos créditos finais, com sequências de imagens enigmáticas, que nos despertam os sentidos mais curiosos e sensações variadas diante do desconhecido tão escandaloso. Persona não é um filme linear, e eu diria que também não é pensado de maneira elíptica; de modo que queira retornar a ideia expressa nos seus primeiros instantes.
O filme é uma construção de sentido para além do intelecto, e por isso Persona foi mais longe do que muitas outras produções já vistas na história do cinema. Ele representa o cinema cru, a metalinguagem do cinema, aspectos que nos fazem tecer as pontes que ligam a realidade à ficção e a barreira que nos separa do Outro. E ainda, como SER pelos olhos do Outro.
O desconhecido escandaloso de Bergman é um convite à análise profunda da psique humana, do simbolismo, dos papéis desempenhados por nossas diversas “personas” no nosso íntimo e no nosso convívio social. E neste filme, rodado por 82 minutos e a última película em preto e branco filmada pelo diretor, podemos ter o deleite de apreciar a história contada pelas faces e pensamentos transfigurados nas personas de Alma (Bibi Andersson) e Elisabeth Vogler (Liv Ullmann).
História Contada ( Sinopse)
Após a encenação da peça grega Electra, a atriz Elizabeth Vogler tem uma alteração no seu comportamento habitual. Elisabeth deixa de falar durante a representação teatral. Assim, é internada em uma clínica psiquiátrica pela demonstração de apatia ao seu entorno, as pessoas, ao filho e ao próprio teatro.
A médica responsável por Elizabeth encarrega à enfermeira Alma de seu tratamento. A atriz não está doente, apenas opta pelo silêncio. Percebendo que o hospital não seria o melhor lugar para a recuperação da senhora Vogler, a médica aconselha que Alma e Elizabeth passem uma temporada em sua casa de praia, em uma ilha isolada. A partir daí, as duas mulheres desenvolvem uma intimidade crescente.
O processo inverte-se, Elizabeth parece estar aos cuidados de Alma, e esta constante troca de identidades, desencadeia o que, talvez, seja o cerne da abordagem de Persona: até que ponto somos nós e até que ponto somos, adentramos e ou interferimos no outro? “Posso ser eu mesma duas pessoas, ao mesmo tempo?” Pergunta Alma a Elizabeth (...)
Mesmo o silêncio de Elizabeth não impossibilitou que as duas mulheres passassem por um processo de identificação e trocas; a relação estava cada dia mais forte até que Alma se sente traída por Elizabeth e os papéis se invertem. Por fim, as duas voltam da ilha e a atriz retoma sua carreira profissional, assim como Alma ao seu trabalho na clínica psiquiátrica.
Pequenas tecelagens
Persona caracteriza-se pelas nuances insinuantes e bem delineadas por Bergman do preto e do branco. A iluminação, o contraste e a textura relacionados à composição perfeita da imagem, nos induzem a pensar sobre a sua veracidade, e até nos questionar sobre o que é a realidade, o que é a ilusão, e como elas estão presentes na linguagem cinematográfica. A ausência de cores e os nuances de cinza na película distanciam às personagens de um espaço de imaginação e fantasia, do colorido do mundo.
A ausência de cores, assim, aproxima- se os da frieza da realidade, do choque com o mundo cru, sem cortes, e assim, em Persona, transfigurados para o cinema. Algumas imagens reais, representadas no filme, como a fotografia do menino judeu de mãos para cima em Varsóvia, assim como a imagem vista por Elizabeth na tv, de um Bonzo vietnamita sendo queimado como uma tocha de fogo choca a personagem da mesma maneira que nos chocam na “nossa” vida real.
Em outras palavras e entre tantos aspectos singulares presentes na película, talvez uma das intenções de Bergman foi nos atentar para o fato de que o cinema é apenas uma linguagem para expressar nossas diversas perspectivas e visões sobre o mundo. No entanto, sem nos esquecer de que àquilo é apenas uma representação, uma ilusão diante dos nossos olhos.
O cinema no cinema de Bergman está imbuído de teatralidade, em Persona isso é bem claro, são diversas às alusões feitas ao universo das representações. O próprio nome “Persona” significa máscara usada pelos atores durante as tragédias clássicas. Portanto, é no campo das representações, da verdade, e ainda vou me arriscar, da agonia como ser humano incrédulo do silêncio de Deus perante sua criação, que Bergman constrói as personagens Alma e Elizabeth. Compartilho da opinião de Sontag, quando nos diz que podemos entender a relação das duas personagens como o sujeito que é corrompido (Elizabeth) e a alma que é ingênua (Alma) e é colocada diante do ser corrompido.
Elizabeth é uma atriz que está em busca da verdade, e por desempenhar seus vários papéis e não se encontrar em nenhum deles quer calar a persona que é apresentada no contato com o outro e dar voz a persona que pode ser encontrada na sua solidão. Por isso ela resolve se calar e o silêncio é o seu único meio de cessar os ruídos que a impedem de voltar à Elizabeth in natura.
Quando se aproxima de Alma, uma personagem que não conseguiu dar voz aos seus outros “eus”, Elizabeth sente à vontade para escutar e em paz por não precisar desempenhar nenhum papel, e é neste momento, que mesmo cessando os seus outros “eus”, ela não consegue deixar de ser. Então, a partir do momento da escuta por Elizabeth, e da fala por Alma, há uma forte relação entre às duas e uma fusão de identidades que parece ser inevitável e inerente à vontade da alma e da consciência; e assim elas se transformam em apenas uma persona. No filme, retratado pela junção das duas faces.
Bergman talvez questione em Persona, para além de outros focos, os nossos vários papéis desempenhados durante a vida como condição intrínseca à existência. Talvez o fardo mais pesado seja carregar esses vários papéis, desempenha –los e suporta – los. Somos, pois, indivíduos fartos de muitos pesos, e sem o direito à decisão de escolha. Podemos escolher os papéis, mas não podemos escolher abster de tê-los.
Outras tecelagens
As imagens aparentemente desconexas no começo e no final da película, aranha caranguejeira, prego sendo martelado na mão de uma pessoa, menino com óculos grandes, idosos com olhos fechados (eles estavam mortos?), esqueleto, sequência de imagens em um projetor... etc, são chamadas por Bergman de poema visual. Alguns críticos defendem que a ideia partiu para representar o nascimento da situação na qual nasceu o filme. Bergman estava hospitalizado quando começou a fazer o roteiro de Persona para se distrair. Na altura, ele ainda era diretor da Dramaten, uma companhia de teatro. No entanto, para, além disso, vejo nas imagens um convite às nossas inquietações latentes, ao incitamento do nosso inconsciente, para que ele venha “à tona”, antes do começo, propriamente, da história da trama. Na passagem veloz das imagens sequenciais, em um primeiro momento talvez não consigamos estabelecer um fio condutor com as outras cenas que vem após. De qualquer maneira, o nosso sistema cognitivo guarda essas imagens, e depois nos provoca sensações mais “verdadeiras” à percepção do resto do filme. Sendo assim, acredito que Bergman pensou nas imagens para nos preparar para enfrentar o duelo de personalidades, que muitas vezes foge do nosso consciente e está enterrado, guardado ou adormecido nas profundezas do nosso inconsciente. Neste ponto, é possível tecer a relação entre Persona e a psicologia de Jung. O objetivo é apenas assinalar esta possível ligação entre o filme e a “persona” do psicólogo. Nesse sentido, Jung trata das sombras, que são nossas memórias, experiências passadas, tendências e desejos, que muitas vezes não emergem no nosso consciente. Assim, Jung também adentra ao universo potente do simbólico, que é evidente na película enigmática de Bergman e por isso, um tanto quanto fascinante.
Persona tem muitos mistérios. Sabemos que o texto do filme não é uma improvisação, embora às vezes nos tencione a crer que sim. Bergman nos diz que foi rigorosamente concebido. São os detalhes em Persona que o deixa ainda mais indecifrável e suscetível a infindas teorizações. Pois continuo a teorizar em outra altura, pois cá já está bom!
sábado, 11 de junho de 2011
No meu tempo, o vento.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Onde desemboca a saudade
sábado, 21 de maio de 2011
"Hei- de lembrar, enquanto existir"
Menina Carolina,
Encaracolada feito mola de colchão segue ela entortando caminhos programados. Correndo aos gritos de dor e certa do lugar algum. Contando pedras e arrancando mágoas. Move-se aos poucos diante do outro e ressurgi de areias míticas diante de si mesma.
Sabe ela o que é o amor? Quer ser amar.
Força, menina Carolina, os pássaros sempre voltam no verão. Siga. Moldando suas asas e sinta o vento da mudança amassando sua mesma pele perdida em corpos inexistentes. Mova. Exista. Viva. Viva só pelo simples instante de agora. Desista de relutar contra o que não tem nome. Nada de explicação. Ludibrie a razão. Vá. Entorpecendo-se de sentir. Sinta. Sinta-se à vontade.
Carolina, menina! Menina Carolina.
Olhe mais ao lado.
Eu sempre estarei aqui.
Débora Ribeiro
Porto, 21 de maio de 2011.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Canto fúnebre da insubmissão
“Eu não concordo com a descida dos corações amantes à terra dura. Assim é, será e foi desde tempos imemoriais: eles seguem pelas trevas, os sábios e os belos. Coroados de lilases e de louros, eles partem; mas eu não me conformo. Amantes e pensadores, contigo, dentro da terra, transformados na poeira morna e cega. Um fragmento do que tu sentias, daquilo que tu sabias, uma fórmula, uma frase apenas restou - mas o melhor está perdido. As respostas rápidas e vivas, o olhar honesto, o riso, o amor - estes partiram. Partiram para alimentar as rosas. Os botões serão meigos, elegantes e perfumados. Eu sei. Mas eu não aprovo. Mais preciosa era a luz em teus olhos que todas as rosas do mundo.
Fundo, fundo, fundo na escuridão da cova, docemente, os belos, os ternos, os bons, calmamente eles descem, os inteligentes, os espirituais, os bravos. Eu sei. Mas não estou de acordo. E eu não me conformo”.
(St Vincent Millay, traduzido por Roberto Freire).